domingo, 21 de setembro de 2008

CURVAS

No percorrer da água os bigodes tombam levemente para trás. A água dá-lhe outra forma, pela força. A forma da água impele o seu formato, mas este flui... ou será a água que flui?Aquele atrito é dinâmico, e cada curva é sentida.A pele lisa e brilhante desliza... e cada curva dita o ritmo do movimento. Ou melhor, dos movimentos, pois o simples actuar de um seu membro reflecte-se de imediato em outro. Assim, o conjunto move-se.Mas é a água ou Ele que se move? A interacção há-de definir algo, se for para definir! O importante é a dinâmica entre Ele e Ela... Ambos aproveitam, divertem-se e avançam. Está qualquer coisa a crescer: será o ser, será a forma, será o sentir, ou será o sentimento?... Parece que os dois se empurram em sentidos opostos partindo de um mesmo sítio. Não se largam e querem fugir um do outro... Mas ali ficam porque ganham mais!Ao curvar sobre Si próprio provocou nela uma diferença no mesmo estar. Ele diverte-se e dá-lhe algo. Ela recebe e começa a pensar que vai explodir... Medo!?! Ela liberta-se apenas um pouco e Ele vê isso. Borbulhas de amor? Ele afinal vai no mesmo sentido, mas nada disso mostrou, e diverte-se a dar!Ela percorre o seu corpo, mas apenas para tentar equilibrar-se. Alto! Voltou a roçar os bigodes. Ele fingiu que nada aconteceu, mas ela soltou mais uma borbulha. Sente-se... Ele provoca cada movimento com um objectivo definido, quer sentir o todo Dela mas sabe que cada parte tem uma reacção diferente. Então respeita... e provoca!Altera o ritmo à sua discrição, confiante de que ela vai gostar. Sem dúvida! Cada curva é tocada do inicio ao fim, e em sentido contrário se preciso for, apenas para sentir cada reacção. Os movimentos são certeiros e ela liberta-se...O golfinho ainda só tinha utilizado os bigodes. Foi então que, em plenos movimentos, decide abrir os olhos... e a olha de frente. O tempo pára! Apenas os olhos avançam, um para o outro.Tudo à volta é luz!

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

LIBERDADE

Golfinho experimenta a liberdade... ou antes... dá os primeiros passos. As barbatanas, ainda trémulas, abanam para da água fazer caminho, em frente. Por sua vez, a água está um pouco menos turva, mas é cada vez mais, e muita água assusta! O desconhecido é algo... ou será algo que Golfinho indaga, e apela aos seus bigodes. Nada mais tem do que a intuição nos bigodes, então estes irão dizer-Lhe o caminho.
Conhecer o caminho será a sua missão para os primeiros passos no seu mundo. Mas já vai sentindo que o espaço ao redor pode não ser só seu... o futuro vai trazer-Lhe o desconhecido, e as surpresas irão surgir. Há um medo latente que lhe dá uma lenta velocidade na passada da barbatana. Está no entanto a gostar dos movimentos livres e energéticos, e vai ganhando confiança ao lembrar-se dos limites que tinha no ventre da sua progenitora.
A mãe protegeu a sua formação, mas aplicou no golfinho limites que entendeu serem para sua melhor protecção, e agora que não a tem por perto sente falta daqueles limites. Abrindo ainda mais os olhos, pára um pouco e olha bem para si, visualiza as suas formas fluídas, curvas e brilhantes... cresce mais dinâmico! Todo ele é potência gerada não sabe de onde, mas um qualquer movimento é sempre uma resposta a um qualquer desejo seu. Começa a perceber que pode fazer muita coisa... quer fazer muita coisa, e o espaço à sua volta será o seu cenário.
Acabou de combinar água, movimento e querer...

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

O início.

O nascimento deu-se na água, ou da água, pois ainda na barriga da mãe a visão era muito turva, mas sabia que queria ir à frente. Assim que viu o cordão ficar para trás, na água, sacodui-se só para sentir o novo espaço. Como bónus teve a liberdade...
Continuava de visão turva a querer seguir em frente, a sentir algum caminho que lhe apresentasse mais luz para mais claro ver, mas exteriormente nada modou! Ele contém dentro Dele uma força, uma energia que o impele a mexer-se e a procurar os cantos à sua liberdade... Sente que depende só Dele.
Então assusta-se! Começa a visualizar dentro Dele um vazio, como algo que O incompleta. Tem então a certeza de que ainda não tem tudo para começar a ver mais nítido. Será a primeira etapa.